Se a intimidade é o desafio do documentário, a missão do documentarista reside em provocá-la naturalmente. Chegar perto, infiltrar-se, tocar antes de fotografar. Quanto mais próximo, mais o fotógrafo pode perceber o objeto de seu estudo, seja ele uma coisa, um acontecimento, um animal, uma pessoa.
Detalhes contam histórias. No ensaio “Aqui de perto você me vê melhor”, essas narrativas são contadas nas cicatrizes que só o menino do mato em sua peraltice desbravadora, em seu contato íntimo com a natureza, sabe colecionar; na pele do lavrador manchada pelo sol; nos adereços corporais típicos e cotidianos.
Para que a atenção se concentre nos detalhes, os olhos – janelas que evidenciam sentimentos e ganham a atenção de quem vê – foram descartados dos retratos: assim, a atenção volta-se para as minúcias fragmentadas no corpo dos fotografados. Assim, o objeto se posta também como sujeito, ao convocar o espectador para dentro de seu mundo, para a sua história.
Esta série, composta por seis fotografias, é um desdobramento do documentário “Arredores do Aço”, trabalho realizado nas zonas rurais das cidades do Vale do Aço Mineiro, que mostra os hábitos e costumes do povo da região, bem como as interferências causadas pela ampliação do espaço urbano e da industrialização.